Artigo de opinião

600 anos da morte da Joana D’Arc

600 anos da morte da Joana D’Arc

História por Rebeca de Oliveira Bello em 27/07/2021

Dia 30 de maio de 2021, completaram-se 600 anos da morte da Joana D’Arc. Diante desse aniversário, alguns podem se perguntar: o que essa mulher fez para que fosse lembrada? Qual a relevância de sua história para a atualidade? De fato, esses questionamentos são pertinentes e não há apenas uma resposta para eles, pelo contrário, diversos argumentos poderiam ser utilizados a favor dessa figura marcante, como: a sua intrepidez, a quebra dos paradigmas do papel feminino na sociedade feudal, a sua luta pela propagação da fé que a norteava, etc. Ademais, são inúmeras as reflexões que podem ser extraídas de sua vida e morte, das quais uma será abordada nesse texto: a questão do poder.

A Idade Média Ocidental foi caracterizada pela falta de centralização, tanto no contexto político, já que não havia uma figura que monopolizava o poder, quanto no econômico, o qual era moldado pela subsistência, carecendo de uma unidade social. Nesse cenário, uma instituição, apenas, manteve-se firme do início ao fim desse período, apesar das irregularidades atribuídas aos outros setores, e essa foi a Igreja. Ela possuía e desfrutava do poder, utilizando-se dele para justificar a falta de mobilidade das classes, por meio da ideologia da Paz de Deus, para a sua auto manutenção e entre outros fins. Infelizmente, como é comum de acontecer quando muito domínio é concedido a um ou a poucos indivíduos,  em vários momentos do Medievo, essa autoridade foi empregada para o prejuízo de outros. A Joana inclui-se nesse grupo, visto que a sua morte veio por consequência de uma decisão religiosa sobre o valor de sua vida. Valor porque quando a condenaram à morte foi como se dissessem que a vida dela não era valorosa, que, por lutar contra ideias preconcebidas daquela época, não merecia viver. É claro que o argumento usado por seus acusadores era de que ela e as suas ações não partiam de Deus e, portanto, era uma bruxa. Todavia, independente da origem e da motivação de suas atitudes, quem eram aquelas pessoas para dizer que a vida daquela jovem não “valia a pena” e que era uma ameaça?

Talvez, muitos pensem que essa narrativa é antiga e não tem valor para a atualidade, que as questões levantadas pela morte de Joana são relativas a tempos passados, dissociados, portanto, ao século XXI. Entretanto, essa linha de raciocínio pode ser considerada errada, pois, assim como a figura histórica em questão, há pessoas que, hoje, sofrem dos mesmos males. Pessoas que são colocadas em uma condição injusta. Seres humanos que têm a sua vida tirada por outros egoístas. O poder ainda é usado para a morte daqueles que não o detêm. Diante disso, quantos agem? Quantos buscam mudar essa situação, mesmo que em pequena medida ou para um pequeno grupo de indivíduos? Quantos, no mínimo, se sensibilizam com os sofrimentos de outros? Será que, pelo menos, lágrimas já foram derramadas? Bom, o fato é que Joanas têm sido mortas diariamente e, pela falta de mudança ou melhora nessa situação, constata-se que poucos se comovem com ela, demonstrando uma grande necessidade de agentes sociais capazes de se levantar contra o contexto vivido e “fazer a sua parte” mudá-lo. 

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