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Ansiedade: aspectos biológicos, químicos e físicos

Ansiedade: aspectos biológicos, químicos e físicos

Divulgação Científica por Tiago Carneiro


Publicado por Laís Guimarães

Ilustração da ansiedade nas pessoas

A ansiedade é uma emoção natural, presente em todos os seres humanos, funcionando como um mecanismo de proteção diante de possíveis ameaças. Em sua forma padrão, ela é útil e adaptativa, ajudando-nos a enfrentar desafios do cotidiano. No entanto, quando essa resposta torna-se intensa e constante, interferindo nas atividades diárias, passa a ser considerada patológica. Nesses casos, ela se manifesta em forma de transtornos, como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno do Pânico, Fobia Social, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Fobias específicas e o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), todos caracterizados por níveis elevados e persistentes de preocupação e medo, junto com sintomas físicos.

Do ponto de vista biológico, a ansiedade está ligada a áreas específicas do cérebro, como a amígdala, o hipotálamo e o hipocampo. A amígdala funciona como um alarme que detecta ameaças e ativa uma resposta automática do corpo. Em pessoas com transtornos de ansiedade, essa região apresenta uma atividade mais intensa. O hipotálamo, por sua vez, desencadeia a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, por meio do eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal), mantendo o corpo em estado de alerta constante. Já o hipocampo, responsável por processar memórias emocionais, pode ser afetado negativamente pelo excesso de cortisol, dificultando a avaliação correta de riscos e aumentando a sensibilidade ao estresse. Além disso, fatores genéticos e epigenéticos também possuem influência na manifestação desses transtornos, como a predisposição hereditária e traumas precoces que afetam o desenvolvimento cerebral.

Quimicamente, a ansiedade está relacionada ao desequilíbrio entre neurotransmissores que regulam as funções cerebrais. A serotonina, responsável pelo controle do humor, sono e apetite, costuma estar em níveis baixos em pessoas ansiosas, sendo comum o uso de medicamentos como os ISRS (inibidores seletivos de recaptação da serotonina) para restabelecer o equilíbrio. Outro neurotransmissor fundamental é o GABA, que tem função inibitória e ajuda a reduzir a excitação cerebral; sua baixa atividade está relacionada ao
aumento da ansiedade, sendo tratado com ansiolíticos como benzodiazepinas. A noradrenalina, ligada à resposta de “luta ou fuga”, é comumente elevada em transtornos como o pânico e o TEPT, gerando sintomas como taquicardia e insônia. A dopamina, apesar de estar mais associada à motivação, também desempenha papel significativo,
especialmente em casos de ansiedade social e TOC.

O ambiente social em que o indivíduo está inserido também influencia diretamente no desenvolvimento da ansiedade. Experiências negativas na infância, como negligência, violência doméstica ou perdas afetivas são fatores de risco importantes, afetando a forma como o indivíduo lida com o medo e a insegurança. Além disso, a pressão por desempenho,
beleza, sucesso e produtividade imposta pela sociedade atual pode gerar uma sensação constante de inadequação. A precarização do trabalho, a instabilidade financeira e a dificuldade de acesso a mecanismos de auxílio à saúde mental agravam ainda mais a situação. A ausência de redes de apoio sólidas e de relações afetivas saudáveis também contribui para o agravamento dos quadros ansiosos.

Por fim, o papel das tecnologias e das redes sociais na geração da ansiedade tem se tornado cada vez mais evidente. A exposição constante a conteúdos idealizados, somada à pressão por estar sempre disponível e informado, gera um estado de alerta contínuo. O fenômeno conhecido como FOMO (“Fear of Missing Out” ou medo de estar perdendo algo)
é um dos principais fatores que alimentam a ansiedade entre jovens. A quantidade de informações, notificações e estímulos pode sobrecarregar o cérebro, dificultando o descanso mental e intensificando sintomas ansiosos. Assim, é possível perceber que a ansiedade é um fenômeno multifatorial, com causas biológicas, químicas e sociais interligadas, exigindo uma abordagem ampla para sua compreensão e tratamento.

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